A infância dos dias é o livro de estreia de Laís Barros Martins e trata sobre a infância que habita em cada um de nós.
O L I V R O
Após a nossa primeira experiência de trabalho com a editora Laranja Original no projeto da coleção Poetas essenciais, nós fomos convidados pelos editores para fazer o livro de estreia da Laís Barros Martins, jornalista e escritora.
Eles nos chamaram para uma reunião de apresentação com a autora, que nos passou mais ou menos o que ela esperava para este seu primeiro livro: delicadeza, minimalismo, tons leves e sutileza para tratar do tema infância sem ser infantil.
Ao lermos o original, também identificamos facilmente esses pedidos da Laís e acrescentamos a eles uma certa melancolia da saudade, tardes amenas, dias chuvosos, e no título de um dos contos — “A geometria da chuva e outras questões metafísicas” — nos inspiramos para criar uma capa ilustrada que não fosse muito figurativa.
O P R O J E T O G R Á F I C O
O projeto buscou então desenhar na capa um céu diurno, de tom azul bem clarinho e suave, com uma chuva fina e geométrica que escorre por todo o livro.
O título e o nome da autora aparecem na vertical, com as letras na fonte Graphik desenhando as palavras de cima para baixo como gotas de chuva. O alinhamento delas na página acaba por lembrar de uma brincadeira de criança e forma na horizontal meio sem querer a palavra “anos”, que também remete ao tema do livro.
Os textos da quarta-capa e das orelhas flutuam no centro delas, interrompendo a chuva que corre verticalmente.
O desenho da chuva, que à primeira vista parece aleatório, surge no entanto como resultado do próprio conteúdo do livro já que cada linha vertical representa anonimamente um dos textos que compõem A infância dos dias.
Isso porque no miolo todos os textos terminam alinhados com a margem inferior. Ou seja, após cada final de conto, não há um espaço em branco até que o próximo se inicie na página seguinte como seria mais comum nos livros de literatura.
Aqui, propomos o inverso: que o espaço em branco venha antes do início de cada texto, dando espaço para que uma linha de chuva desça da borda superior do papel até o título do conto.
A dimensão dessa linha, portanto, depende do número de linhas que cada texto contém e de como ele se acomoda nas páginas, sendo bastante variável ao longo do livro.
No índice que vem ao final do livro, vemos então finalmente cada título com a sua dimensão de linha correspondente, sendo esse mesmo ritmo da chuva o desenho transferido para a capa e para a folha de rosto.
Q U E S T Õ E S D E P R O D U Ç Ã O
Os livros da Laranja normalmente têm baixa tiragem e, portanto, é dada a preferência à impressão digital. Neste caso, no entanto, nós fomos mais enfáticos quanto à necessidade de outros métodos que garantissem a materialidade que estávamos buscando para o projeto.
Para a capa, optamos por um papel colorido na massa que tivesse um toque delicado sem revestimento. Escolhemos o Color Plus Santorini que das poucas opções com gramatura suficiente para ser capa nos pareceu o tom mais adequado ao clima que estávamos buscando.
A cor, porém, não deu muito contraste com a impressão branca do texto e das linhas, que acabaram sendo impressos em serigrafia, com tinta brilhante e relevo.
A cor, porém, não deu muito contraste com a impressão branca do texto e das linhas, que acabaram sendo impressos em serigrafia, com tinta brilhante e relevo.
Para o miolo em offset, escolhemos um pantone um pouco mais escuro do que seria o equivalente ao tom do papel da capa a fim de garantir melhor leiturabilidade mesmo nos casos mais extremos, como o do posfácio. O texto propriamente dito, no entanto, foi impresso em preto para ser mais confortável aos olhos ao longo das páginas. O papel é similar ao pólen, de tom amarelado.
F I C H A T É C N I C A