Prêmio Design Museu da Casa Brasileira é uma das principais premiações de design do país, e esta foi a proposta enviada para o concurso de cartaz da edição 32.
T E X T O
H A N N A H U E S U G I
I M A G E N S
I M A G E N S
H A N N A H U E S U G I & P E D R O B O T T O N
A P R O P O S T A
O cartaz que enviamos para essa edição do concurso de cartazes do MCB é um experimento, uma tentativa de concretização de uma ideia que sempre nos acompanhou, mas que nunca teve oportunidade de se tornar realidade.
O princípio é simples conceitualmente, mas pouco usual — apesar de não ser nenhuma novidade do design gráfico, admitimos. Um rolo adesivo transparente contém toda a informação textual obrigatória disposta em linha e vai sendo colado livremente em uma superfície.
Isso permite que a comunicação se dê de forma mais dinâmica, podendo estar em qualquer peça que receba essa intervenção, independente do seu formato. Caixas, paredes, postes, pontos de ônibus, tudo pode virar suporte direto para a informação sem que um cartaz com dimensões definidas precise intermediar essa relação.
Como nesse caso tratava-se da entrega de um cartaz e não só da apresentação de uma ideia, adotamos um suporte de PVC transparente que nos possibilitou utilizar as suas duas faces, criando uma peça que não tem frente nem verso, que funciona dos dois lados tirando proveito da repetição livre do conteúdo disposto na tira.
A E S C O L H A T I P O G R Á F I C A
Por considerarmos que o texto era também a imagem desse cartaz, optamos por uma fonte que criasse um resultado esteticamente interessante conforme fosse sendo repetida e acumulada, em detrimento da sua legibilidade à distância.
Escolhemos a Sharp Grotesk, da Sharp Type, que é uma família com grande variação de pesos e larguras. Da sua versão mais condensada — a nº 5 — usamos quatro dos seus sete pesos, um para cada bloco de informação: bold, semibold, book e thin.
Dessa forma, a tira com a informação completa do Prêmio, incluindo texto e logo, ficou com 1,5 metro de comprimento.
O P R O C E S S O
Para demonstrar nossa ideia, tivemos que criar um protótipo de cartaz, já que imprimir apenas um rolo de adesivo seria proibitivo sendo necessário pedidos acima de 100 unidades para viabilizar a produção.
Nossa solução então foi a de imprimir, na nossa impressora jato de tinta, tiras de adesivo translúcido da mesma largura do rolo — 5 centímetros — e, com a ajuda de uma base graduada, fomos colando e emendando umas nas outras, intercalando frente e verso, até preencher toda a área do suporte.
O C A R T A Z
O cartaz montado manualmente é apenas uma das infinitas maneiras de colar a tira adesiva. Neste caso específico, tentamos favorecer a leitura do conteúdo do Prêmio alinhando o início de cada linha de informação à esquerda nas quatro primeiras tiras, de um lado, e nas quatro últimas, do outro.
Assim, todo conteúdo se repete, mas há alguma lógica no sentido da leitura a fim de facilitar a apreensão da mensagem do cartaz.
O que é frente e o que é verso — além da óbvia disposição do texto — também se evidencia sutilmente pelo brilho do PVC, já que a tira adesiva é fosca e onde ela está colada pela frente, torna-se sem brilho; e onde está pelo verso, fica brilhante.
R E S U L T A D O
Como em todas as edições que participamos desse concurso, não só não somos selecionados como destaque como não nos identificamos com os premiados. Observando os outros cartazes, sempre concluímos que a nossa estética parece estar bastante desalinhada com a escolha do júri.
Todo ano pensamos em não enviar proposta, mas todo ano enviamos. E cada vez menos buscamos fazer "o cartaz vencedor". Isso porque gostamos muito desse exercício que é fazer um cartaz do zero, sem briefing, apenas com um formato e conteúdo obrigatórios. E participar de um concurso de cartaz é apoiar a ideia de se fazer um concurso de cartaz.
F I C H A T É C N I C A
CONCURSO
MUSEU DA CASA BRASILEIRA
PROJETO GRÁFICO
HANNAH UESUGI & PEDRO BOTTON
FONTE
SHARP GROTESK
FORMATO
46X64CM
IMPRESSÃO
JATO DE TINTA 1X0 COR
SUPORTE
PVC TRANSPARENTE
TIRAGEM
2 CARTAZES
ANO
2018